Muito provavelmente a última tranche deste ano. Como sabem a esta altura já se torna algo difícil encontrar tomate bom, de qualidade, cujo processo de maturação seja apenas: sol, calor e tempo! O tomate é um fruto que não deve estar muito tempo no frigorífico. Tem tendência a perder o sabor e aromas naturais.
Para mim uma compota ou um doce só faz sentido com ingredientes o mais íntegros possível. O açúcar é o agente conservante mas não deve abafar o sabor do ingrediente principal com que estamos a trabalhar. É essencial manter o sabor e alguma textura no resultado final.
Esta marmelada com vinho do Porto foi a receita de estreia nestas andanças doces. E correu tão bem que resolvi adoptá-la como "a minha marmelada". É doce (óbvio!) mas com um travo muito especial que a torna única, rica, intensa.
Disponível:
- tacinhas individuais a 1€
- taças de barro a 3€
- rectangulares vários tamanhos/ preços
Se preferir pode entregar o seu recipiente para colocar a marmelada directamente quando acabada de fazer.
Talvez este não venha a ser apenas e só um blog com posts de novidades doceiras. Provavelmente rumará ao sabor do vento. Tal como vagueiam os meus pensamentos enquanto deambulo por esta cozinha.
E, neste momento, páro numa única interrogação: onde está a responsabilidade de cada um pela vida do outro?
Os números estão em crescente escalada, mas o que se vê a cada esquina são grupos de amigalhaços de jola na mão em amena cavaqueira. E até podiam e deviam (o comércio agradece!), mas cumprindo as regras de segurança e distância. Etiqueta higiénica. Conceitos ouvidos mas esquecidos. Ignorados. Porque só acontece aos outros. O problema é que "os outros" pensam o mesmo de ti!
As máscaras viraram adereço de moda, mas será que certas alminhas sabem que a máscara protege o outro, portanto se TODOS a usarmos a eficácia será certamente maior. E usar quer dizer colocá-la correctamente. Boca, nariz, o blábláblá do costume que todos sabem, todos ouvem mas nem todos o cumprem. Não tocar, não tirar e pousar às três pancadas ou esfregá-la noutros objectos, não desviar e respirar por baixo (ou por cima!) só para arejar porque já se estava "a morrer sufocado". O uso de máscara não significa maior aproximação física! E, de novo, protege o outro não o próprio.
Os médicos e enfermeiros têm de usar tanto equipamento de protecção o dia in-tei-ro! E nós real zé povinho não conseguimos colocar e manter(!) uma simples máscara correctamente?
O país precisa de prosseguir. O comércio tem de fluir, o turismo não pode parar. Aquilo que são números do telejornal, na prática são pessoas. Famílias. Empregos perdidos, habitações construídas com tanto esforço, agora em causa. Vidas que estão a virar um puzzle de peças cada vez mais separadas. A economia é um ciclo vicioso. Uma espiral em constante movimento. Cada atitude egoísta e impensada que se traduza num contágio será sinónimo de quarentenas, vidas em stand by, em pausa forçada. Esta realidade não é minha, nem tua. É de todos nós! Assim como a responsabilidade por cada atitude (im)pensada.
Parece-me tudo tão absurdamente óbvio! Não entendo de onde vem tanto egoísmo, tanta hipocrisia, tanta falta de respeito pelo outro. Pela vida! A vida de cada coração que deixa de bater. A vida sem condições de sustento que permitam dignidade e subsistência.
Tem de haver consciência de que um vírus que passa "ao de leve" pelo indivíduo A ao ser transmitido à tua mãe pode matá-la. Queremos mesmo ser responsáveis por isso? É tremendamente idiota e injusto que pessoas, sim PESSOAS, que estão em lares com 80/ 90 anos (ou mais!) que passaram por tanto, dificuldades que poucos de nós farão uma pequena ideia, acabem por perder a vida por causa da estupidez irresponsável que abre a porta a esta doença.
E depois há os grupos de risco. As pessoas cuja doença se vê a olho nú e as outras. Aquelas que estão a sorrir descontraidamente (e portanto está "tudo bem"). Se calhar não está. Mas a doença tem o poder que lhe damos. Não é porque não se vê que não existe. É apenas mais um motivo para reforçar o cuidado com o outro. Eu tenho uma doença auto-imune. Vejo e sinto o estigma na pele. Literalmente! Pior que eu, milhares!
Eu não sou perfeita, tu também não. Todos erramos e cometemos deslizes. Mas se todos dermos o nosso melhor, juntos, podemos ultrapassar esta fase. Por uma questão de respeito. Pela vida.
E também não importam assim tanto as mil críticas às opções governamentais ou à DGS. Muitas delas são de facto questionáveis, não sei se algum de nós agiria melhor. Existe realmente descoordenação, é inegável. Mas em última análise o que conta mesmo é o comportamento individual que, globalizado, esse sim marcará a diferença.
Se este longo testamento agitar uma única consciência e evitar um contágio que seja, já valeu a pena. Como em tudo, vale sempre a pena tentar :)
Muitas horas depois a mexer a panela nasceram mais uns frasquinhos. Amor num frasco como eu lhes chamo. É mega pindérico e tão verdade! Dá mais trabalho do que se possa pensar, mas faço-o com gosto como se fossem para mim. Adoro todo o processo quase mágico :)
Vários preços entre 2,50€ a 6€, consoante o tamanho do frasco.
Ameixa em doce, para mim, era sinónimo de topping para sericaia.
Mas encontrar as tais, de Elvas, nem sempre é tarefa muito fácil.
Vai daí dei umas voltas à colher e nasceu esta compota!
Simples, com a doçura e acidez de umas boas ameixas pretas em fim de época e aquele travo típico do Vinho do Porto é perfeita para acompanhar uma sericaia cheia de gulodice ou tornar uma banal tosta num manjar dos deuses.
Frascos de vários tamanhos disponíveis. Escolha o seu!