Reconfortante, o vinho aquecido com fruta e maioritariamente especiarias faz as delícias de muitos. É rápido de se fazer e transmite conforto e aconchego numa noite fria de inverno. Gradualmente, começa a formar-se uma nova tradição: servir vinho quente na noite da consoada. E tão bom que é!
As quantidades abaixo são meramente indicativas, na verdade faço a olho. Por isso, adaptem ao vosso gosto, adicionem/ retirem ingredientes, alterem quantidades. Consigam o vosso próprio resultado personalizado.
Do que precisamos?
- 1Lt de vinho tinto
- 100/ 150g acúcar amarelo ou mascavado (se não tiverem, usem branco)
- 4 a 5 cravinhos (não muito mais, pois o cravinho é forte)
- 3 paus de canela
- 3 a 4 cardamomos (colocar bagas abertas com as sementinhas)
- 1 maçã + 1 laranja em fatias muito fininhas (formato meias luas)
- 1 pitada generosa de noz moscada em pó ou ralada
- 2 a 3 estrelas de anis
- 1 a 2 cm de gengibre fresco ralado
- 1 cálice e 1/2 de vinho do porto (uso ruby ou tawny)
Sugestão: sumo natural de 1/2 laranja
Como fazer?
1. Levar tudo a lume brando até o açúcar derreter. Quando levantar fervura e não houver grãos de açúcar, desligar. Coar e servir apenas com as fatias de laranja e opcionalmente o pau canela e o anis. Gosto de colocar umas passas e/ou uns frutos secos no fundo da chávena.
2. Beber calmamente no aconchego do sofá com uma manta quentinha :)
Atenção: doseiem o teor alcoólico com o tempo de fervura. Desligar o lume ao levantar fervura é o processo que mantém o vinho mais "intacto". Quanto mais tempo ferver e o forem mexendo, mais o álcool evaporará. É convosco!
Cresci a comer carolos de milho, papas de carolo, sobremesa, doce de milho, como lhe queiram chamar. Sempre que o moinho se ligava com aquele ruído ensurdecedor já sabia: daquelas mós vai sair coisa boa! E de facto, depois de peneirada a farinha, lá estavam eles.
Mas o que é o carolo de milho afinal? Procede-se à moagem incompleta do grão, resultando numa textura grosseira e bastante granulada, desta forma preserva-se o máximo de fibra e nutrientes.
Por cá nunca consegui encontrar os verdadeiros, de maior textura, apenas a "versão citadina": sêmola de milho. De textura muito mais fininha e... de milho amarelo. Nós apenas tínhamos do branco, mas como quem não tem cão caça com gato, agora já nem sei de qual gosto mais :)
Para além da versão doce, muitos eram os que faziam a salgada como acompanhamento de carnes. Era mais barato, acessível e cheio de energia para o trabalho na terra. Desses, admito, nunca provei.
Lembro-me de, algures em finais de Agosto início de Setembro, haver a desfolhada - uma festa popular de celebração da colheita do milho onde serviam os carolos doces numas taças de barro lascadas... eram tão bons!
Indo às raízes dos tempos, no momento em que o milho estava todo colhido juntavam-se as gentes da aldeia para ajudar a descascar (desfolhar!) as espigas de milho. Momentos de trabalho mas sobretudo de comunhão, entre-ajuda, cantares e partilha. Celebrados por fim com a festa da desfolhada.
Algures entre o arroz doce e o leite-creme, mas com uma personalidade e textura muito próprias, esta sobremesa tipicamente beirã é um regresso aos sabores de outros tempos onde não havia muito arroz e os campos verdejavam de milho. Hoje, é uma óptima sugestão para a tradicional mesa de natal.
Do que precisamos?
- 500 ml de água + 1 pitada de sal - 1 casca de laranja (ou limão) - 140g sêmola de milho - 1 pau de canela (opcional) - 1 l de leite meio gordo já morno - 175g açúcar amarelo (podem ajustar, para mais, a gosto) - canela em pó q.b.
Como fazer?
1. Levar ao lume a água, o sal, o pau de canela e a casca de laranja até ferver.
2. Juntar a sêmola e deixar cozer, mexendo sempre, até que a água seja completamente absorvida. Para evitar grupos é aconselhavel o uso de uma vara de arames.
3. Juntar gradualmente o leite morno, mexendo sempre.
4. Juntar o açúcar e deixar cozer sensivelmente 10 a 15 minutos, sem parar de mexer, até que atinja uma textura cremosa - semelhante à do amido de milho (depois de frio fica ainda mais consistente).
5. Retirar do lume, descartar o pau de canela e a casca de laranja. Distribuir por taças ou travessa única. Deixar arrefecer... ou não! :)
6. Depois de frio, decorar com canela em pó.
"E que Deus te ponha a pele antes da minha mãe voltar da missa." - Dito popular devido à finíssima película que o doce vai ganhando à medida que vai arrefecendo e que denuncia que o come :)
Colocar topping é completamente opcional, mas há quem descarte a canela (sorry pela minha falta de jeito nos desenhos!) e opte por frutos secos ou granola, caramelo salgado, coulis, fruta fresca... enfim onde a imaginação e gosto levarem!
Nota: o uso da casca de laranja (sem a parte branca!) confere mais doçura que a do limão que dá mais frescura, mas é tudo uma questão de gosto pessoal!